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Bandolim

é um cordofone com formato oval da família dos alaúdes. Possui quatro cordas duplas afinadas em mi-lá-ré-sol tocadas por uma palheta.
publicado: 25/07/2016 10h14, última modificação: 31/08/2022 08h16

Bandolim s. m. é um cordofone com formato oval da família dos alaúdes. Possui quatro cordas duplas afinadas em mi-lá-ré-sol tocadas por uma palheta. Além do chorinho, samba e pagode, é usado também no Frevo, Nau Catarineta, afoxé, baião, côco, guarânia, lundu, maracatu, marcha-rancho, maxixe, modinha, polca, samba e valsa (RICARDO, 2006). 

O termo bandolim é o resultado de variantes de seus antecessores Mandola e Mandolino, que por sua vez descendem do alaúde (ARRAES, 2015), quanto a sua estrutura física seguimos a classificação formal considerando um (3) cordofone (3.2.) composto, por ter o ressonador e o suporte de cordas formando um todo orgânico, (3.2.1.) da família dos alaúdes onde as cordas correm paralelas à tábua de ressonância (3.2.1.3.) com braço (3.2.1.3.2.) acoplado direto do ressonador(3.2.1.3.2.2) com fundo abaulado. 

É um dos instrumentos símbolos do chorinho, tem origem italiana trazido pelos colonizadores portugueses (ANDRADE, 1989). Por ser da família dos alaúdes, se popularizou na Europa e está presente em vários países pelo mundo. Ao mesmo tempo onde ia chegando passava por alterações e modificações de acordo com seus contextos. A mudança mais comum foi o fundo chato que antes era abaulado como seus antecessores mais próximos do alaúde. No caso de Portugal, houve também a mudança para o formato de pêra. (ARRAES, 2015)    

Provavelmente trazido na época do Brasil colonial, o bandolim veio a se popularizar a partir do século XIX, no Rio de Janeiro (RICARDO, 2005). Sua atuação mais conhecida na música popular brasileira é no choro, que tem a oralidade e o ensino não formal como principal meio de aprendizagem. A partir das interpretações de músicos como Luperce Miranda e Jacob do Bandolim, o cordofone passou a integrar a linha de frente do choro, tornando-se instrumento solista indispensável na roda de choro, mas nem sempre foi assim.  Ao ser trazido ao Brasil, o instrumento ocupava um papel doméstico, muitas vezes como alternativa para o piano na prática musical das moças da sociedade. Sua associação com o choro e os gêneros próximos se consolidaram na transição do século XIX para o XX (DUARTE, 2010). 

Luperce Miranda, pernambucano, considerado o “rei do bandolim”, aos 15 anos compôs sua primeira música, um frevo. Além do choro, é nas orquestras de pau e corda que também temos presença do bandolim que embalam os frevos de bloco e blocos líricos no carnaval pernambucano (NOVA, 2009). Na Paraíba surge o nome de Wilson do Bandolim, grande representante do choro e difusor do gênero no estado. Participou, também, de manifestações da tradição oral,  ao lado de Tenente Lucena, ou João Emílio de Lucena, principal incentivador do Grupo Folclórico Nau Catarineta de Cabedelo. Um fato histórico marcante trazido por Tadeu Patrício é a de que a Nau Catarineta foi a primeira manifestação popular no Brasil a ter participação de uma mulher, desde 1912.  complementar que originalmente é uma brincadeira com homens vestidos de mulheres as saloias

 

Referências:

ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. Coord. Oneyda Alvarenga, 1982-84, Flávia Camargo Toni, 1984-89. Belo Horizonte: Itatiaia; Brasília: Ministério da Cultura; São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Universidade de São Paulo, 1989.

ARRAES, Luis Carlos Orione de Alencar. Tradição e inovação no cavaquinho brasileiro. 2015. 116 f., il. Dissertação (Mestrado em Música)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

DUARTE, Fernando Novaes. In: Colóquio Internacional de Musicologia da Casa de Las Américas, IV, 2010, Havana. Disponível em: <https://www.academia.edu/download/32897005/bandolimsecXX.pdf>. Acesso em: 25/05/22.

FREIRE, Noemi Paes. A Nau Catarineta: resistência e tradição em Cabedelo Noemi Paes Freire (; Maria Adailza Martins de Albuquerque (3). Centro de Ciências Exatas e da Natureza/Departamento de Geociências/MONITORIA. Disponível em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/IXEnex/iniciacao/documentos/anais/2.CULTURA/2CCENDGEOCMT01.pdf>. Acesso em: 06/06/2022.

MARTHA, Roberto de Santa. Bandolim SM-10E. 2011. 53 f. TCC (Graduação) - Curso de Desenho Industrial, Desenho Industrial, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/10894/1/RSMartha.pdf.>.  Acesso em: 05 jun. 2022.

NOVA, Júlio César. 2009. Gênero canção popular na cultura brasileira: saudade e propaganda nas letras do frevo-de-bloco. Disponível em: <http://www.leffa.pro.br/tela4/Textos/Textos/Anais/ABRALIN_2009/PDF/JULIO%20CESAR%20F.pdf>. Acesso em: 05/06/2022.

RICARDO, Albenise de Carvalho. O bandolim na música popular brasileira. 2005. 27 f. Monografia (Especialização) - Curso de Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: <http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monografia/albenisericardo.pdf>. Acesso em: 25/05/22.



Para conhecer mais:

Luperce Miranda e conjunto atlântico- Caeté (frevo)

Nau catarineta (abertura)

Receita de samba

Único vídeo de Jacob do bandolim tocando ao vivo.